Ilha Espanhola
- ctbretas
- 28 de jan.
- 10 min de leitura
Essa aventura dos membros da República Caverna Country começou, na realidade, ainda quando estávamos em El Calafate, Argentina, nosso último encontro. Na época, ocorreu a nossa assembleia e tomamos a decisão de qual seria a viagem para o próximo ano. Fui voto vencido, pois queria ir ao Peru, mas a maioria, depois da neve e do frio no extremo sul do continente, preferiu uma semana na praia. Agora então era a hora da República Dominicana.
Em fevereiro, já tínhamos as passagens com a data de final de outubro para a partida rumo a Punta Cana. Como sempre o Fidel, que não é tão organizado como todos os outros, não acompanhou o grupo e, com isso, dessa vez, perdeu a diversão.
Em fevereiro tínhamos as passagens pela empresa brasileira Gol, com dia e hora marcados. Em março já estávamos pagando a estadia no famoso Hard Rock Resort de Punta Cana. Em julho, a empresa de aviação manda e-mails falando que não mais poderíamos viajar na data marcada. Muitas trocas de e-mails, mensagens de WhatsApp e telefonemas para a Gol sem nenhum sucesso. Eles queriam diminuir nosso período de permanência de sete para quatro dias.

Numa tarde de sábado fomos em grupo até o Galeão dispostos a "chutar o balde”. Fomos recebidos por um tal de Rogeferson. Você pode imaginar um cara chamado Rogeferson? O “cara alegre”, acalmou a gente e disse que tudo estaria resolvido após ele apertar algumas teclas do computador. “O figura” tinha dado mole para o Orelha, o interlocutor, e, com isso, não perdemos a chance de iniciar com a sacanagem. Esse nome até hoje é repetido no grupo. Como sempre, não podemos nos reunir que a sacanagem começa.
Semanas depois descobrimos que nada havia sido resolvido pelo funcionário do Galeão e que continuávamos enrolados. As promessas feitas por Rogeferson não seriam cumpridas pela empresa aérea. Decidimos então aumentar a estadia indo um dia antes e voltando na data desejada após conseguir que a Gol solucionasse nossas vagas na data já marcada para a volta. Outro problema: não conseguimos vaga no hotel já reservado anteriormente pois iríamos um dia antes. Fomos obrigados a reservar vaga em outro hotel por um dia apenas. Decidimos ficar perto do aeroporto o que facilitaria para chegada do outro cavernoso, o Chileno. Ele voaria de Santiago e assim iríamos todos juntos de transfer para o resort.
Durante esse embróglio todo o Fidel realmente pipocou e decidiu não viajar conosco. Foram meses sacaneando o cara mas, realmente, ficamos sem a presença sempre engraçada e espontânea desse nosso irmão.
A bagunça, prá variar, começou ainda no Galeão, mesmo sem o Fidel e o Chileno.
Duas observações básicas no vôo para Punta Cana. Uma era de que você sabe que voou muito tempo quando descobre, ao chegar no destino final, que já havia passado por cima da floresta amazônica há horas. A outra observação, mas não sem a mesma importância, era a esperança de se ver muitas mulheres bonitas por lá, nas piscinas e praias locais. Mas, pelas que estavam em nosso vôo, o melhor mesmo era torcer só por dias lindos de sol...
Outra preocupação: o app sobre clima que o Orelha usava como referência, dava chuva para toda a semana. Inclusive acompanhamos toda a evolução do furacão "Nicole" que passou pela região dias antes de chegarmos. Por sorte, "Nicole" foi para o outro lado do Golfo e só tivemos dias de sol com muito calor e abafamento, quase que insuportáveis. Mesmo assim, o app do clima continuava prevendo chuva para os dias seguintes. Mas mudava radicalmente quando o dia chegava.

Chegamos à tarde e ficamos em um hotel ao lado do aeroporto por uma noite, esperando o Chileno. Hotel muito bom e com um shopping aberto bem em frente onde fizemos refeições memoráveis em ótimos restaurantes. O único rolo foi com o Orelha após tomar várias cervejas no hotel e descobrir que cada garrafinha lhe custaria seis dólares. Embora puto da vida, sabia que quando chegássemos ao resort teria como descontar, uma vez que estaríamos hospedados pelo sistema all inclusive.
No dia seguinte, depois do almoço, voltamos ao aeroporto para buscar o nosso amigo e pegar o transfer para o Hard Rock Resort, já devidamente reservado pelo Orelha meses antes. Foi uma festa a chegada do último componente. Mas antes tivemos uma nova confusão do Orelha em relação ao terminal do aeroporto, quase igual ao acontecido em Buenos Aires na última viagem. E lá fomos nós novamente, andando muito e carregando as malas. Pura desorientação do nosso informante oficial de aeroportos pelo mundo.
A chegada ao hotel é triunfal. Na entrada do resort tem a famosa guitarra típica do símbolo do Hard Rock, grande e colorida.
Prá se ter uma ideia do tamanho do Resort, o táxi cobrava oito dólares, saindo do main lobby, para quem quisesse ir até a guitarra (na entrada do hotel) fotografar.
Assim, já dá pra imaginar que ali você tinha um campo de golfe de 16 buracos, mais oito piscinas, 11 restaurantes, academia com 1000 metros quadrados, a maior boate da cidade e também um cassino com várias mesas e máquinas.
Como chegamos à tardinha, ficamos conhecendo a estrutura de lojas, restaurantes e o cassino do hotel até a hora de jantarmos. Os restaurantes são enormes e com uma variedades de estilos de comidas que beira o exagero, inclusive com possibilidades à la carte. Como estávamos num sistema all inclusive, bebíamos cervejas, vinhos e coquetéis à vontade. Até mesmo o Batata tomou algumas cervejas (poucas na verdade), mas já foi uma evolução.

Dia seguinte praia e piscina. Praticamente no mesmo local, com a facilidade de ir e vir o tempo todo para um mergulho em cada uma delas. Serviço de bar liberado e de bom padrão até nas areias. Eu, Orelha, Galo e Chile fomos andar na praia enquanto Batata ficava deitado na espreguiçadeira. Andamos muito mesmo porque a praia não tem fim. Passamos por vários outros resorts. O que impressionou foi o número de turistas que visitam Punta Cana. E estávamos em baixa temporada.
Outra característica: mesmo estando no lado do Oceano Atlântico, as águas são limpas e quentes e com ondas. Quando entramos na parte do golfo caribenho, as águas são paradas. Os visuais ficam com as características da região.

Batata estava com uma máquina possante que dava um zoom de 82 vezes e ficava exibindo as qualidades do seu brinquedinho focando mulheres de longe. Às vezes a distância era tão grande que nem víamos se havia alguém na cadeira. E a máquina possante dele colocava as meninas como se estivessem ao nosso lado. Agora, o melhor click de top less fui eu quem conseguiu, com a minha máquina normalzinha mesmo. Mais uma vez, aquela máxima se fez valer: o que faz o fotógrafo é o olhar fotográfico e não a máquina. Kkkkkkkkkkk
Mais um dia na piscina, com um bar aquático, ou seja, refrescante ao extremo. O Chileno começou a conversar com duas venezuelanas que logo foram oferecendo programas privados para o grupo. Outra característica desse local, muitas garotas de programa. Engraçado foi que o Batata não estava conosco naquele momento, por ter ficado no quarto, enjoado e com dores devido à uma crise renal. Nesse papo com as meninas, quase organizamos um programa surpresa para ele. Elas usariam o cartão de entrada do quarto do Chile (que estava hospedado no mesmo quarto do Batata) para pregar-lhe um baita susto. Mas esse negócio de pagar prá mulherada nesse grupo não cola.
Começamos a ver coisas para fazer, afinal de contas, uma semana bebendo, comendo, pegando sol, o Galinha sempre fazendo compras, é bom, mas cansa. Então marcamos um passeio de barco até uma ilha no golfo, Sanoa, que gastaria um dia inteiro. Seis horas da manhã todos de pé e meia hora depois já no café da manhã. Programa de índio, mas valeria a pena como passeio. Microônibus, primeiros a ser pegos. Começa a peregrinação por alguns hotéis da nossa região catando turistas. Deu pra dormir na viagem até chegarmos ao porto de saída. Pegamos uma lancha rapidinha e fomos direto para as piscinas naturais onde podíamos realmente sentir o que é o Caribe. O mais engraçado é que a lancha se chamava Valery. Logo fizemos uma ligação ao nome da mulher do Fidel, Valeria, e ao fato dele não ter vindo conosco. Águas mansas, límpidas, quentes e com peixes coloridos e várias estrelas do mar. Tudo para uma excelente contemplação, acompanhado de um sol escaldante nas cabeças de todos nós. Claro que desde a saída do barco o rum corria solto entre os passageiros.
Passamos pelo canal que liga o mar do Caribe ao oceano Atlântico, outro lugar de rara beleza. Seguindo o nosso caminho, passamos por uma casa de sapê pegando fogo. Uma fumaça muito grande saindo dela. Logo ficou conhecida como a casa de Bob Marley. Várias piadas sobre o assunto.
Chegamos a uma praia típica de turistas onde passamos o dia e almoçamos. Ficamos o tempo todo dentro d'água a ponto de na hora de sairmos, estarmos todos enrugados.
A volta foi num catamarã, com música e muito rum, cheio de turistas, além de muito sol, como sempre.
Na chegada ao porto, aquelas coisas típicas: fotos, pulseiras, tangas, camisetas, chapéus e rum. O Galinha, como não consegue ficar quieto, acabou comprando o rum com a nossa foto no rótulo da garrafa.
Na volta, outra peregrinação pelos hotéis já que seríamos os últimos a sermos entregues. Depois do jantar, fomos ver um musical no teatro do hotel sobre os anos 70/80, bastante divertido. Houve uma parte em que eles cantaram músicas do Village People. Sacaneamos muito o Batata quando entraram uns marinheiros cantando "In the navy”. Todos ficamos esperando o nosso almirante mexer os quadris. Depois dessa veio a Macho Man e a YMCA. Até hoje dizem que o Chileno se segurou na cadeira com os pés e mãos prá não soltar a franga... rsrsrsrsrsrsrsrsrsrs
Na noite em pleno Cassino do hotel nos divertíamos vendo as pessoas apostando e, na maioria das vezes, perdendo grana. Uma coisa que estimula mais ainda o jogo é que quem aposta não paga bebidas durante o período em que continuar jogando. De repente, uma das garçonetes, sempre de shortinho, decotes enormes e muita simpatia, chega ao meu lado e pergunta se eu queria um drink. Sugeriu "Sex on the beach". Eu, imediatamente, respondi na cara de pau: Sex on the beach? Só se for agora. Até ela riu muito...
No jantar, decidimos alugar um carro para irmos até Santo Domingo, capital do país, a 200 km do nosso hotel. O passeio, que era oferecido pelo hotel, custava oitenta dólares por pessoa e ao alugarmos o carro e colocarmos gasolina, tudo saiu por apenas 30 para cada um. Além disso, tinha a liberdade de nos movimentarmos dentro da cidade e fazermos o nosso horário. Claro que mais uma vez o aluguel foi resolvido pelo Orelha, nosso corretor de assuntos automotivos. Saímos com o Chileno dirigindo e, quando ele teve dor nas costas, paramos num posto de gasolina nas cercanias de Santo Domingo. Ao entrarmos no local, cinco homens juntos para usarmos o banheiro, a vendedora se assustou. O lugar era muito estranho e com aspecto de perigoso. Ela me perguntou por que um de nós estava armado? Reparei que falava do Chileno. Expliquei que não era arma. Que ele usava uma cinta lombar por estar com colostomia e fazia um volume perto da cintura. Realmente parecia muito estar com a arma. Ou seja, ela estava com medo de ser assaltada, o que deve ser comum naquela região.

Chegando à capital da República Dominicana fomos conhecer o parque dos "Três Ojos", ou seja, três buracos. São cavernas subterrâneas com lagos lindos de água clara em seu interior. Muito cansativo porque além de descer e subir muitas escadas o sol estava de rachar e ficava muito abafado no interior das cavernas. Continuamos passeando pelos parques da cidade e toda a faixa litorânea. Bonita, com um azul especial e muitas rochas na beirada do oceano. Depois fomos para o centro colonial onde a história sobre a República Dominicana era contada em monumentos, fortes e ruas. Tudo muito interessantes. Na realidade, Colombo chegou à América por essa ilha e, por isso, é chamada de Ilha Espanhola. O forte militar construído na entrada do canal da cidade é de 1503. Muitas casas e monumento históricos com uma arquitetura colonial bastante interessante. Depois do almoço, no próprio centro histórico, resolvemos achar um shopping prá acalmar o Galinha, mas foi uma tragédia. Fomos a três deles, até encontrarmos um mais atraente. O pior de tudo foi o engarrafamento monstro que pegamos. Para sair de lá, começamos a fazer trajetos pelo app “Maps me” no meu Ipad, mas cada hora entrávamos em lugares ruins, de pouca segurança e literalmente engarrafados. Chegamos até a passar ao lado do estádio de baseball, esporte mais forte do país que, prá nosso azar, teria jogo naquele momento. Muitos becos e ruas complicadas. Finalmente conseguimos, já à noite, chegar na via que nos levaria de volta à estrada. Mesmo assim, foi um passeio muito interessante, ainda que a capital fosse muito suja e com muita pobreza, diferente das imagens dos hotéis de Punta Cana.

Na volta, o Batata ficou com pressa para chegar ao hotel, talvez por fome, e resolveu voar. Até o Orelha chamou atenção dele porque estava a 150 km, à noite. E o pior, começando a chover. A frase característica do Orelha soou pelo ar: Batata, você está com vontade de cagar? Tá correndo pácas ... Foi o ponto inicial para que todos começassem a sacanear. Até descobrimos que o Batata tinha esquecido os óculos no hotel. Só poderia estar dirigindo pela intuição. Corria tanto que quando falamos pra ele pegar à direita, nem conseguiu fazer a manobra e seguiu reto, errando o caminho.
Chegamos já para o jantar e depois fomos para as compras nas lojas do lobby do Resort, afinal de contas, estava quase na hora de voltarmos. Galinha precisava dessa relaxada. Também esperávamos pela visita final ao cassino.
O cassino é um outro mundo. As pessoas jogam, bebem e fumam demais. Tudo acompanhado pela adrenalina do jogo, entre ganhos e muitas perdas. Chile e Galinha jogaram um pouco na roleta, mas sem sustos. Também, com bebida de graça, mesmo que seja para apostar um dólar, o estimulo ao jogo se faz presente. Descobrimos uma tática para sabermos quem eram as “meninas alegres" no Cassino. Elas ficam nos caças níqueis como se estivessem jogando, mas mexem no celular o tempo todo. Recebi uma cantada de uma colombiana inteiraça que me falou que cobrava trezentos dólares. Na brincadeira, argumentei imediatamente que quem daria prazer seria eu e nem cobraria nada dela por isso … depois de rir muito, voltei para a roleta com os amigos e ela deve ter ficado uma fera, continuando suas investidas pela noite.
No nosso último dia de hotel, ficamos na piscina e praia o dia todo. Bebemos para aliviar o calor infernal e o sol que teimava em aparecer. Na hora do almoço, o Batata queria comer muito camarão. Mas, no restaurante escolhido do dia, não tinha. Instituímos ser o almoço do “seafoodeu”. Comeu filé, mesmo à contra gosto. Depois, uma passada na piscina para adultos onde o som comia solto e várias dançarinas se requebravam ao som de um DJ. Era uma piscina afastada da praia e das demais por causa das dançarinas, da música ao vivo e do clima de festa permanente.
Uma coisa que marcou a viagem foi a simpatia e alegria de todos os dominicanos. Em qualquer local e a qualquer hora são simpáticos e solícitos ao extremo.
Na viagem de volta, dois acontecimentos hilários: primeiro com o Orelha que escolheu o assento da janela no "check in” mas, o local escolhido por ele, surpreendentemente, não havia janela... como bom petista, iniciou ali mesmo a batalha pelos MSJ! Movimento dos Sem Janelas. A segunda foi a angústia do Galinha ao perceber que devido ao pouco tempo da escala em São Paulo, não poderia fazer compras no freeshopping.
Durante a estada, a assembleia geral resolveu que no próximo ano a visita será ao Uruguai. Agora é deixar passar uns quinze dias pra começarem os papos e discussões, via WhatsApp, sobre a próxima reunião da Caverna, de preferência com todos seus membros, inclusive o Fidel.
Comentários